Urologia pediátrica: saiba o que essa especialidade atende

A urologia pediátrica trata problemas urológicos de recém-nascidos a adolescentes. Descubra quando buscar ajuda e como essa especialidade pode beneficiar a saúde infantil.

A urologia pediátrica (uropediatria) é uma subespecialidade da urologia focada no diagnóstico e tratamento de condições urológicas em crianças, desde recém-nascidos até adolescentes. Isso engloba malformações (hipospadia, refluxo vesicoureteral, hidronefrose etc.), condições como criptorquidia, infecções urinárias, xixi na cama, fimose, entre outros problemas.

Essa área da medicina é essencial para tratar problemas relacionados ao sistema urinário (rins, bexiga e ureteres) e ao sistema genital de meninos e meninas. Com o objetivo de garantir um desenvolvimento saudável e prevenir complicações futuras, a urologia pediátrica desempenha um papel muito importante na saúde infantil.

Continue lendo e entenda o que faz o urologista pediátrico, as principais condições tratadas e a importância do atendimento especializado para a saúde urinária e genital das crianças.

Para que serve o urologista pediátrico?  

A urologia pediátrica atende as condições urológicas em crianças, diferenciando-se da urologia adulta pela necessidade de entender o desenvolvimento específico das crianças e suas necessidades emocionais e físicas.

Urologistas pediátricos são treinados para tratar uma ampla gama de condições, desde as mais comuns até as mais complexas, com um foco especial em tratamentos menos invasivos e que respeitam o desenvolvimento infantil.

Quais condições o urologista pediátrico trata?

A urologia pediátrica cobre uma variedade de condições que afetam o sistema urinário e reprodutivo das crianças. Algumas das principais condições tratadas pelo Dr. Ubirajara Barroso Jr., secretário-geral da International Children’s Continence Society (ICCS), incluem:

• Infecções urinárias:

Comuns em crianças, as infecções urinárias podem indicar problemas mais sérios, como refluxo vesicoureteral. O urologista pediátrico realiza avaliações detalhadas para determinar a causa e o tratamento adequado.

De acordo com o Dr. Ubirajara Barroso Jr., toda criança com febre alta sem outros sintomas que sugiram infecção respiratória, por exemplo, pode estar com infecção urinária. Quando comprovado o quadro, é necessário avaliar também a presença do refluxo vesicoureteral.

• Refluxo vesicoureteral:

Uma condição na qual a urina flui de volta dos ureteres para os rins, aumentando o risco de infecções urinárias e danos renais. O tratamento pode variar desde o uso de antibióticos até intervenções cirúrgicas, dependendo da gravidade.

“A detecção do refluxo é possível por meio da cistouretrografia miccional. É inserida uma sonda na uretra, injetado um contraste na bexiga detectando o refluxo”, descreve o urologista pediátrico, que também é chefe da divisão de cirurgia urológica reconstrutora e urologia pediátrica do Hospital da Universidade Federal da Bahia e fez fellow em urologia pediátrica no Children’s Hospital of Michigan na Wayne State University.

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• Hidrocele e hérnia inguinal:

A hidrocele e a hérnia inguinal são caracterizadas pelo acúmulo de líquido no escroto ou protrusão de órgãos através de uma abertura abdominal. Ambas as condições são geralmente corrigidas com cirurgia.

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• Criptorquidia:

A criptorquidia é uma condição na qual um ou ambos os testículos não descem para o escroto. É essencial tratá-la para evitar complicações como infertilidade ou câncer testicular no futuro.

“Em cerca de 1,5% dos casos, um ou os dois testículos ficam retidos no abdômen ou na região inguinal (virilha) do bebê”, afirma o Dr. Ubirajara Barroso.

• Hipospadia:

A hipospadia é um defeito congênito no qual a abertura da uretra não está localizada na ponta do pênis. A cirurgia corretiva é geralmente realizada para permitir uma função normal.

“O tratamento dessa condição é apenas cirúrgico e deve ser feito ainda na infância, até 1 ano de idade”, ressalta.

• Epispadia:

Uma anomalia rara em que a uretra se desenvolve anormalmente, com a abertura localizada na parte superior do pênis. O tratamento geralmente envolve cirurgia para correção.

“A epispadia é a mesma condição congênita da hipospadia, a diferença é que o orifício da saída da uretra fica na parte superior do pênis”, complementa Dr. Barroso.

• Incontinência urinária e enurese noturna (xixi na cama):

Tanto a incontinência urinária quanto o xixi na cama são problemas de controle da bexiga, como a incapacidade de segurar a urina durante o dia ou a noite. Abordagens comportamentais, medicamentos e outros tipos de tratamento, como o uso de alarme de enurese, podem ser indicados.

• Bexiga neurogênica:

Condição em que há comprometimento da função da bexiga devido a problemas neurológicos, afetando o controle urinário. O tratamento inclui fisioterapia, medicamentos e, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas.

“O modo como essa disfunção se apresenta em cada paciente é muito variável, porém, na maioria dos casos, a incontinência urinária é o primeiro sinal de alteração do trato urinário inferior, que pode evoluir para complicações futuras que vão desde constrangimentos sociais, consequências psicológicas, até lesões irreversíveis na função renal”, alerta.

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• Bexiga hiperativa:

A bexiga hiperativa é caracterizada pela necessidade urgente e frequente de urinar. Tratamentos incluem mudanças no estilo de vida, fisioterapia, medicamentos e, em alguns casos, intervenções mais avançadas.

• Anomalias congênitas do trato urinário:

Incluem diversas malformações dos rins, ureteres, bexiga e uretra, que podem ser diagnosticadas ainda no pré-natal ou logo após o nascimento.

• Anomalias congênitas nos genitais:

Incluem diversas malformações dos genitais externos e internos que podem ser diagnosticadas no nascimento ou logo depois, necessitando de acompanhamento especializado. Entre elas estão o intersexo (genitália ambígua) e a síndrome de Rokitansky (quando não há canal vaginal).

“Todas essas condições são tratadas pelo urologista pediátrico com experiência em cirurgia genital”, destaca.

• Fimose:

A fimose é uma condição em que o prepúcio não pode ser retraído sobre a glande do pênis. Pode ser tratada com pomadas ou cirurgia dependendo da gravidade e idade da criança.

“Em muitos casos, o problema se resolve naturalmente à medida que a criança cresce. Em alguns casos a fimose pode persistir até a adolescência ou a vida adulta, causando desconforto e dificuldades durante a higiene pessoal ou atividades sexuais”, afirma Dr. Barroso.

• Extrofia de bexiga:

A extrofia de bexiga é uma anomalia grave em que a bexiga se encontra exposta fora do corpo. O tratamento é cirúrgico e visa reconstruir a bexiga e a parede abdominal.

• Dilatação renal (hidronefrose):

Quando há dilatação dos rins devido ao acúmulo de urina, geralmente causada por obstruções no trato urinário. A gravidade dita o tratamento, que pode variar de monitoramento a cirurgia.

“1% das pessoas podem ter o diagnóstico dos filhos ainda no pré-natal durante exame de ultrassonografia gestacional. Caso diagnosticado com hidronefrose, imediatamente após o nascimento, o bebê precisa passar por uma reavaliação via ultrassonografia”, explica.

• Pênis embutido:

O pênis embutido é uma condição no qual o pênis está escondido dentro da pele ao redor, comum em meninos com sobrepeso, problemas congênitos ou em decorrência da cirurgia de fimose.

Tratamentos variam desde intervenções simples até correções cirúrgicas.

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“Geralmente essa condição em crianças é transitória. Ela é causada pela produção de testosterona ainda em níveis baixos, o que pode levar à retração do órgão para dentro do corpo. À medida que a criança se desenvolve e a produção de testosterona aumenta, é comum que o pênis adquira o aspecto normal. Em alguns casos, a condição pode persistir na idade adulta, sendo necessário um tratamento específico para corrigi-la, mesmo ainda antes da puberdade”, destaca.

• Disfunções vesicointestinais:

As disfunções vesicointestinais, ou problemas relacionados ao funcionamento anormal da bexiga e intestino, como dificuldade em controlar a micção e evacuação, podem ser tratadas com uma combinação de mudanças comportamentais, fisioterapia e medicamentos.

• Estenose de uretra:

Um estreitamento da uretra que pode dificultar a passagem da urina, causando desconforto e risco de infecções. Em crianças, essa condição pode ser tratada com dilatações ou cirurgia para corrigir a obstrução.

“Quando há retenção urinária, o paciente pode sentir dor na parte inferior do abdômen e ainda desenvolver incontinência urinária por transbordamento ou refluxo de urina para os rins”, explica.

Diagnosticar e tratar problemas urológicos em crianças o mais cedo possível é muito importante para evitar complicações em longo prazo. Condições urológicas não tratadas podem levar a problemas de crescimento, infecções repetidas, danos aos órgãos e impacto no desenvolvimento psicossocial da criança.

A intervenção precoce pode melhorar significativamente a qualidade de vida e prevenir consequências graves na vida adulta.

O atendimento em urologia pediátrica é feito de forma acolhedora, considerando o conforto e o bem-estar da criança e da família. O urologista pediátrico utiliza técnicas adaptadas ao público infantil, com explicações claras e procedimentos que minimizam o desconforto.

Durante as consultas, o especialista avalia o histórico médico da criança, realiza exames físicos e, se necessário, solicita exames complementares como ultrassonografias ou cistoscopias para um diagnóstico mais preciso.

Quando procurar um urologista pediátrico?  

Pais devem considerar uma consulta com um urologista pediátrico se a criança apresentar sintomas como dificuldade para urinar, infecções urinárias frequentes, dor abdominal ou genitália anormal. Além disso, qualquer alteração observada no exame físico do recém-nascido ou problemas de controle urinário devem ser avaliados por um especialista.

A urologia pediátrica é uma especialidade fundamental para o cuidado da saúde urinária e genital das crianças. Com um tratamento adequado e precoce, é possível corrigir problemas que, se deixados sem tratamento, poderiam afetar seriamente a qualidade de vida da criança.

O urologista pediátrico está preparado para oferecer um atendimento completo, levando em consideração as particularidades de cada paciente e proporcionando um ambiente seguro e confortável para as famílias.

Você precisa levar o seu filho a um urologista pediátrico? Agende uma consulta com o Dr. Ubirajara Barroso Jr. em Salvador (BA) ou São Paulo (SP).

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