1. O que é a hipospádia e o que causa?
Hipospádia é uma atipia genital, na qual a saída da uretra localiza-se numa posição mais baixa que a habitual (na porção ventral do pênis). Está comumente associada a excesso de pele do prepúcio na porção de trás do pênis (região dorsal). Na hipospádia, é relativamente comum o pênis ser curvado pra frente quando ereto.
A causa da hipospádia ainda não está completamente esclarecida. Sabe-se que o genital se forma pela transformação da testosterona em Di-hidrotestosterona. A pouca ação desse hormônio deve ser a causadora dessa condição. Como costuma ser um evento isolado, que acontece somente na gestação, normalmente não haverá alteração hormonal no futuro.
2. A hipospádia está associada a alguma síndrome que preciso me preocupar?
Existem mais de 100 síndromes associadas a hipospádia, porém normalmente a hipospádia é uma condição isolada e não é necessário nenhum exame para pesquisar outras doenças orgânicas insuspeitas.
3. Devo corrigir a hipospádia do meu filho?
A hipospádia deve ser corrigida sempre que há alterações funcionais, ou seja, quando a uretra é tão baixa que haja risco de a ejaculação ou a urina não sair adequadamente e o homem apresentar infertilidade ou não poder urinar de pé. Também quando houver curvatura, há necessidade de correção pelo risco de dificuldade de penetração no futuro. Quando a hipospádia é mais distal, ou seja, mais perto da ponta do pênis, a correção é opcional. Entretanto, há estudos que mostram que essa atipia peniana pode gerar desconforto psicológico e interferir na autoimagem do indivíduo. Por isso, a nossa opinião é que a atipia merece correção na grande maioria dos casos.
4. Toda hipospádia é igual?
Não. Quando as hipospádias podem estar perto da glande (cabeça do pênis) são chamadas de distais, quando estão no meio do falo são chamadas de mediopenianas e quando estão perto do escroto são ditas proximais. Quanto mais proximal, maior a chance de complicações cirúrgicas. Também as técnicas cirúrgicas mudam de acordo com o local da uretra. Outro aspecto importante a se considerar é a curvatura peniana, que deve ser corrigida na cirurgia. A técnica de correção dependerá da extensão da curvatura peniana.
5. Em quantos tempos será realizada a cirurgia?
Isso dependerá do tipo de hipospádia. As mais proximais, com curvatura peniana extensa, geralmente são corrigidas em dois tempos. Entretanto há proponentes da correção em tempo único. Na minha opinião, a cirurgia em dois tempos tem a vantagem de resultados estéticos melhores e complicações decorrentes da cirurgia são mais fáceis de tratar. A grande maioria dos casos, no entanto, pode ser tratada em um só tempo.
6. Qual a taxa de complicações cirúrgicas?
A cirurgia de hipospádia é complexa e deve ser realizada por alguém que tenha experiência com o procedimento. Além disso, o material cirúrgico delicado e a realização com lupas de aumento ajudam na melhora dos resultados. É variável de acordo com o tipo de hipospádia, sendo as mais proximais, as que mais complicam. As mais frequentes são a fístula urinária (vazamento de urina), divertículos e estenose de uretra. A maior experiência do cirurgião reduzirá ao mínimo essas taxas. Converse com o seu médico sobre isso.
7. A cirurgia pode ser realizada em regime de hospital-dia?
Sim, na grande maioria das vezes
8. Haverá necessidade de sonda?
Normalmente sim, por duração de 5 a 14 dias a depender da situação e preferência do médico
9. Como fica o aspecto do pênis?
A intenção é deixar o pênis com o aspecto mais parecido possível com o pênis operado de fimose. Deixamos o pênis circuncidado, ou seja, sem pele recobrindo o pênis. Existe a possibilidade de reconstrução do prepúcio, mas há maior risco de reoperação por cicatrização exagerada e estreitamento da pele