Cirurgia redesignação sexual em mulheres trans: o que é, requisitos, como é feita, pós-operatório

A redesignação sexual é um procedimento cirúrgico que alinha os órgãos genitais ao gênero que o paciente se identifica. Entenda como ela é realizada em mulheres trans com o especialista Dr. Ubirajara Barroso Jr

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A busca pela autenticidade de gênero leva muitas mulheres trans a considerarem a cirurgia de redesignação sexual ou afirmativa de gênero ou transgenitalização como parte integrante de sua jornada.

A cirurgia de redesignação sexual em mulheres trans é um procedimento cirúrgico que visa criar uma anatomia genital alinhada com a identidade de gênero da paciente. Consiste na remoção do pênis e na construção de uma neovagina.

De acordo com o Dr. Ubirajara Barroso Jr., cerca de 70% das mulheres trans optam por fazer os procedimentos para adequar os órgãos genitais do sexo biológico ao gênero pelo qual se identificam.

Neste artigo, exploraremos em detalhes o que essa cirurgia envolve, os requisitos necessários, o procedimento em si e os cuidados importantes no pós-operatório.

O que é a cirurgia de redesignação de sexual em mulheres trans?

A cirurgia de redesignação sexual ou afirmativa de gênero envolve uma série de procedimentos hormonais e/ou cirúrgicos com o objetivo de harmonizar o corpo e os órgãos genitais com a identidade de gênero com a qual a paciente se identifica.

Na mulher trans que deseja realizar a redesignação sexual o procedimento mais comum é realizado utilizando a própria pele do pênis.

O procedimento da cirurgia de redesignação sexual abrange não apenas a intervenção cirúrgica, mas também terapias hormonais, suporte psicológico e outras formas de cuidados multidisciplinares em saúde. A cirurgia de afirmação de gênero pode envolver a criação de um novo órgão genital e a eliminação de órgãos acessórios, como testículos, mamas, útero e ovários.

“Não é obrigatório para uma pessoa transgênero submeter-se à cirurgia de redesignação sexual ou a qualquer alteração corporal. Essa decisão deve ser pessoal, e o paciente deve ter plena consciência de que se trata de um procedimento irreversível”, declara o Dr. Ubirajara Barroso Jr., coordenador da disciplina de Urologia e da divisão de cirurgia reconstrutora urogenital da Universidade Federal da Bahia.

Requisitos para cirurgia de redesignação sexual

Desde 2008, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos para indivíduos que buscam realizar a redesignação sexual. No âmbito da saúde pública, o cuidado com a população trans é organizado por meio da atenção básica e especializada.

A atenção básica desempenha um papel importante ao fornecer avaliações e orientações, direcionando os pacientes para tratamentos e áreas médicas específicas de acordo com suas necessidades individuais.

Já a atenção especializada se desdobra em vertentes ambulatoriais, envolvendo acompanhamento psicológico, terapias e aplicação de hormônios, e hospitalares, abrangendo a realização de cirurgias para modificação genital e/ou corporal, além do acompanhamento pré e pós-operatório.

Antes de se submeter à cirurgia de redesignação sexual, as mulheres trans geralmente passam por um processo de avaliação rigoroso. Isso pode incluir sessões de aconselhamento psicológico, terapia hormonal e a vivência prévia com o nome social.

“No SUS, para iniciar o processo terapêutico e realizar hormonização é necessário ser maior de 18 anos e já ter vivência com o nome social. Para a realização de cirurgias de redesignação sexual é necessário ter mais de 21 anos, e receber autorização da equipe multidisciplinar que lhe acompanha por pelo menos dois anos para realizar o procedimento”, destaca Dr. Barroso.

Na rede particular os requisitos são um pouco diferentes, o paciente pode decidir realizar o procedimento a qualquer momento contato que seja maior de 18 anos, tenha vivência com nome social e seja autorizada por psicólogo ou psiquiatra.

Como é feita a cirurgia de redesignação sexual em mulheres trans

 “A cirurgia de redesignação sexual em mulheres transconsta da confecção do clitóris, da uretra, do canal vaginal e dos pequenos e grandes lábios. A clitoroplastia é realizada por meio da redução da glande, preservando-se a sua inervação e vascularização e, consequentemente, a mantendo a sensibilidade”, descreve.

Nesse procedimento, o urologista relata que a uretra deve ser reduzida e implantada no períneo na mesma posição das mulheres cis. A neovagina normalmente é construída utilizando a pele do pênis que formará o canal vaginal. Quando esse canal falha, tecido intestinal pode ser utilizado.

São removidos parte do pênis, preservando a uretra, a pele e os nervos que dão sensibilidade à região e é construída uma neovagina e um neoclitóris.

“O neoclitóris é confeccionado com o tecido da glande onde a irrigação e inervação do órgão são preservadas. Quando não há pele suficiente ou nos casos de perda do canal vaginal na primeira cirurgia, pode-se utilizar o intestino grosso para esse fim com bons resultados, possibilitando ainda sensibilidade erógena”, explica o médico sobre como é realizado o procedimento.

O Dr. Ubirajara destaca que cerca de 60% a 70% das mulheres trans alcançam o orgasmo com a cirurgia afirmativa de gênero. “A sensibilidade e a forma de prazer se tornarão apenas diferentes daquela antes da cirurgia e isso deve ser esclarecido a paciente antes do procedimento”, orienta.

Pós-operatório da cirurgia de redesignação sexual

“Após a realização da cirurgia de redesignação sexual é necessário a dilatação vaginal diária, por pelo menos 30 minutos, por, provavelmente, toda a vida se não houver atividade sexual com penetração frequente”, declara o médico.

O tempo de recuperação para a cirurgia de redesignação sexual é breve e a internação é de cerca de 2 a 3 dias para mulheres trans.

As diretrizes pós-operatórias para a cirurgia de redesignação sexual englobam diversas recomendações essenciais:

• Restrição de exercícios: O paciente deve evitar atividades físicas por um período de 1 mês;

• Retorno às relações sexuais: As relações sexuais são autorizadas após dois meses da intervenção;

• Consultas de acompanhamento: O paciente deve comparecer às consultas de acompanhamento para assegurar que a recuperação esteja ocorrendo conforme o esperado.

Seguir rigorosamente essas condições contribui para uma recuperação adequada e a prevenção de complicações.

Para mais informações sobre o tema, acompanhe-me nas redes sociais e, se estiver considerando a cirurgia de redesignação sexual, agende uma consulta.

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